arte na periferia: Sampa

2 de fevereiro de 2007

Sampa


















caminhando rumo ao trabalho
percebo castas de pessoas.
as cinco saem as primeiras
as seis saem mais outras
e assim procedem
até o novo alvorecer.
não é tão admirável
o ano novo.
os terminais de ônibus
são assim
sempre quebrados e maltratados
sujos fétidos e sem alma.
a policia é cinza
para se camuflar nas nuvens
de carros prédios e ônibus de todos os dias.
a rosa foi degolada
e só lhe restou espinhos!
sem ressentimentos...
mas vc engole mil moleques
por dia e por noite por dia e...
tic tac continuo no desafio
de um despertar melhor.
São Paulo da garoa
que não chora, não ama
não pensa e não sente.
a natureza é selvagem!
pega mata e come!
carcará não tem dó.
mesmo assim
há quem não saia daqui
por nada!
"São Paulo meu amor"
vai Tom Zé
dorme no barulho
pro cê vê se ela não te devora,
como as traças
dos guarda-roupas mofados.
vai poeta vadio
vc do nosso lado
sabe que ela seduz...
mas resiste
com seu coração em chamas
e suas balas de letras.
o 1 da sul é ferrenho
cronista que fala terroristicamente
das balas caladas,
mas não perdidas
que acham um coração
quente pra se agasalhar.
bem como lagrimas
quente rolam no nariz morto
de um filho qualquer.

Becos e Vielas presenciam.
nossa folha fala da posse
no senado,
Maluf de sorriso serrado
olhando uma ninfeta.
chinaglia e Maluf
lado a lado no abraço.
Clodovil preocupado
com a cor da sua sala
e o mofo do meu barraco
pintando ninfeias
monetianas nas paredes
carcomidas pelos ratos da favela.
sem ressentimentos...
não me deixo iludir
no seu doce perfume.
a volúpia da minha nação
é muito mais forte
está sempre em ebulição
te mando um abraço
pelo seu aniversário
mas meu coração
está no berço da periferia
onde nasce uma nação!

peu pereira

Um comentário:

Rogério Pixote disse...

E ae, vamos fazer na Casa de Cultura?
To precisando do contato do Kal.Pode me passar?