arte na periferia: contos de bairro
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26 de fevereiro de 2009

Já rodamos dois!!!

Já gravamos dois curtas!!! O Sonho de Titia, com direção de Paula Szutan e Bel Mercês e "Amanhã, Talvez", dirigido por Rogério Pixote. Confira abaixo a matéria e as fotos da gravação deste ultimo filme veiculada no site www.catracalivre.com.br



Cineastas da zona sul filmam “Amanhã, Talvez”

da Redação
Manoel tinha uma vida cotidianamente repetida. Bebia, ficava no sofá zapeando os canais da TV e freqüentava os botecos perto de sua casa. Vez ou outra, conversava com a esposa. O contato com os filhos era mais raro.
Esta história faz parte do vídeo “Amanhã, Talvez”, um curta metragem do Projeto Contos de Bairro. A trama – ainda em fase de finalização - foi gravada entre os dias 7 e 8 de fevereiro. Tem autoria de Sérgio Vaz, da Cooperifa e direção e adaptação por Rogério Pixote.
Ao todo, serão três contos filmados.
Confira como foi a filmagem
(Créditos: Luciana Dias e Paulo Rodrigo)


13 de outubro de 2008

Casting Contos de bairro

II CONVOCATÓRIA DE CASTING CONTOS DE BAIRRO

Três curtas-metragens baseados em contos de escritores da periferia de São Paulo.

Contos de Bairro – o projeto

O Coletivo Arte na Periferia, com o apoio do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), edital público da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, da HL Produções e da Revista de Cinema, convoca atores e atrizes residentes na cidade de São Paulo para o segundo casting do projeto Contos de Bairro. Um casting já foi realizado, porém nem todos os atores e atrizes foram selecionado(a)s para os papéis remanescentes.

Contos de Bairro será uma obra digital composta por três curtas-metragens de ficção, baseada em contos de escritores da periferia de São Paulo. As histórias escolhidas para o projeto são Gente Feia, de Huguera; Amanhã Talvez, de Sérgio Vaz; e Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia, de Tico.

Cada um dos curtas será adaptado e dirigido por cineastas diferentes. Contos de Bairro pretende constituir uma coletânea da produção audiovisual na periferia e gerar oportunidade de analisar o olhar de uma nova geração que vem produzindo audiovisual em São Paulo.

Pré-seleção de atores

Currículos, fotos e links para vídeos devem ser enviados para o e-mail contosdebairro@yahoo.com.br até às 12 horas (meio-dia) do dia 28 setembro (domingo),
A/C da PRODUÇÃO. O título do e-mail deve ter o seguinte conteúdo:

Casting/ Nome do Curta/ Nome do Personagem

Caso um ator ou atriz queira participar do casting para mais de um personagem, por favor, envie o mesmo material em E-MAILS SEPARADOS pois os diretores se orientarão pelos títulos das mensagens na caixa de entrada.

Casting

Os atores selecionados serão comunicados via e-mail até dia 30 de setembro e receberão, neste mesmo dia, o roteiro do(s) curta(s) com as cenas para serem preparadas para o teste de VT. A data e local do casting será divulgada posteriormente, mas adiantamos que os testes acontecerão em até 20 dias a partir da data de divulgação desta convocatória.

Cachês

Por se tratar de um projeto de baixíssimo orçamento, resultado também da parceria entre o Coletivo Arte na Periferia e empresas apoiadoras, o projeto Contos de Bairro pagará aos atores uma ajuda de custo simbólica. Todos os profissionais do projeto receberão ajudas de custo semelhantes.
Atores principais = R$ 200,00 / Atores Coadjuvantes = R$ 80,00

Datas

A gravação dos curtas acontecerá entre os meses de novembro e dezembro, sempre aos finais de semana.

Os curtas-metragens

Gente Feia

Baseado no conto "Gente Feia", escrito por Huguêra
Roteiro e Direção: Peu Pereira

Sinopse:

Um gay que é craque de bola, um líder de comunidade envolvido com o movimento hip-hop, uma drag-queen que esqueceu suas raízes, um nordestino que nem sabe quem é, um chefão do crime organizado acima de qualquer suspeita. Personagens da periferia de São Paulo, que para muitos são apenas Gente Feia, botam à prova a máxima filosófica de que "o inferno são os outros".

Perfil dos personagens:

Gilson – personagem principal
Mulato, estatura mediana. Já foi moleque de rua e michê. Agora, aos 30 anos trabalha num restaurante. Sempre discreto, ninguém sabe que ele é gay. Na quebrada, embora todo mundo saiba da sua preferência sexual, é respeitado pelo seu passado de moleque de rua. Usa baby looks, calça jeans e tênis all star. Básico e sossegado.

Diego – personagem principal
Negro, forte. Tem mais ou menos 25 anos. Ligado ao movimento hip-hop e aos movimentos sociais. É um líder na quebrada. Conhecido de deus-e-o-mundo, se veste como um cara do rap. Calça larga, camiseta dos artistas e heróis negros, como Zumbi, boné e tênis.

Gilson Criança - coadjuvante
Menino moreninho, frágil. Pequeno, mas não magrelo. Tem entre 10 e 12 anos.

Marivaldo- coadjuvante
Braco, baixinho, troncudo. Típico nordestino tem 25 anos. É um cara bruto/rústico criado na lei do "quem pode mais, chora menos", junto com os caras da quebrada. Mas em casa, o código do "macho" nordestino é o que manda. Por isso, ele não consegue aceitar o próprio homossexualismo.

Scarlet Montserrat- coadjuvante
É a drag-queen mais famosa da cidade. Tem entre 35 anos e 38 anos, veste-se como a Marilin Monroe, mas é morena. Nome de baptismo é Josafá Augusto Ferreira de Jesus. Quando pobre, fazia michê, como o Gilson. Nessa época, voltavam pra casa mais ou menos no mesmo horário e pegavam o ônibus no mesmo terminal.

Nikimba - coadjuvante
Tem entre 28 e 30 anos, negro, magro e mal encarado. É o dono da boca, então, já viu de tudo! Só que sempre foi muito respeitado na quebrada. A mãe morreu cedo e o moleque foi criado, junto com uma irmã, pela avó. Depois que a avó morreu, a irmã se mandou, com um ladrão da quebrada, e o moleque virou bicho solto.

A mãe do Gilson - coadjuvante
A típica, tiazinha crente de periferia, tem por volta de 50 anos, mas aparenta muito mais. Cabelão, preso, em coque. Usa sempre saia de corte reto até a canela e blusa bem fechada. Já foi do mundo, largadona na vida, mas agora, tenta fugir do capeta que mora dentro dela, falando da vida dos outros.

Seu Damião - coadjuvante
Senhorzinho, pretinho e simpático, tem os seus 70, mas aparenta uns 50 anos. Roupeiro do time. Pai de todos. Acolhe todo mundo e respeita todos, nas suas diferenças. Gosta pra caramba do Gilson, porque ele é um menino que sofreu pra caralho na vida e é um cracão de bola.

Amanhã Talvez

Baseado no conto "Amanhã Talvez", escrito por Sérgio Vaz
Roteiro e Direção: Rogério Pixote

Sinopse:

Asdrúbal e sua vida, cotidiano. Bebida, controle remoto, controle remoto, bebida, boteco. Às vezes a mulher, às vezes os filhos, às vezes. Controle remoto, bebida, TV, a Morte. A Morte e a vida de Asdrúbal.

Perfil do personagem:

Morte – personagem principal
Estatura mediana, ligeiramente gordo e com seus trinta anos. Um comportamento que beira a boemia e o deboche. Durante sua vida terrena ganhava a vida fazendo jogo do bicho e vendendo churrasquinho numa praça, foi preso por não pagar pensão alimentícia a um filho que nem sequer conheceu. Na cadeia ficou conhecido por um grupo de samba com grande prestígio. Morreu pedindo clemência entalado com um osso de frango numa farofa. No purgatório, utilizou sagazmente sua lábia doce e convenceu as autoridades celestiais que poderia dar jeito em muito maluco, ao contrário dos outros funcionários que sempre pousavam de angelicais. Foi assim que conseguiu o ofício de dar jeito na vida de quem não sabe viver, serviço com resultados nem sempre satisfatórios.

O Sonho de Titia

Baseado no conto "Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia", escrito por Tico
Roteiro e Direção: Bel Mercês e Paula Szutan

Sinopse

Depois de uma noite de rebeldia, amor e divagações literárias, Keyla decide que vai pedir a mão do namorado em casamento. Mas no mesmo dia, acontece um acidente inesperado com a tia dele.

Perfil dos Personagens

Keyla – personagem principal
Jovem universitária paulistana, que aparenta ter entre 20 e 22 anos. Mais pra menina do que pra mulher. Apaixonada por literatura, fala o que pensa e a primeira vista demonstra rebeldia, apesar de ter um lado conservador. É a primeira vez na vida que está apaixonada.

Titia – coadjuvante
Senhora bem idosa e doente com dificuldades de locomoção. Se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Apesar de ter aparência física frágil está absolutamente lúcida. De forte personalidade, criou seu sobrinho sozinha e o ama incondicionalmente. Sonha em vê-lo casado.

25 de setembro de 2008

II CONVOCATÓRIA DE CASTING CONTOS DE BAIRRO

Três curtas-metragens baseados em contos de escritores da periferia de São Paulo.

Contos de Bairro – o projeto

O Coletivo Arte na Periferia, com o apoio do VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), edital público da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, da HL Produções e da Revista de Cinema, convoca atores e atrizes residentes na cidade de São Paulo para o segundo casting do projeto Contos de Bairro. Um casting já foi realizado, porém nem todos os atores e atrizes foram selecionado(a)s para os papéis remanescentes.

Contos de Bairro será uma obra digital composta por três curtas-metragens de ficção, baseada em contos de escritores da periferia de São Paulo. As histórias escolhidas para o projeto são Gente Feia, de Huguera; Amanhã Talvez, de Sérgio Vaz; e Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia, de Tico.

Cada um dos curtas será adaptado e dirigido por cineastas diferentes. Contos de Bairro pretende constituir uma coletânea da produção audiovisual na periferia e gerar oportunidade de analisar o olhar de uma nova geração que vem produzindo audiovisual em São Paulo.

Pré-seleção de atores

Currículos, fotos e links para vídeos devem ser enviados para o e-mail contosdebairro@yahoo.com.br até às 12 horas (meio-dia) do dia 28 setembro (domingo),
A/C da PRODUÇÃO. O título do e-mail deve ter o seguinte conteúdo:

Casting/ Nome do Curta/ Nome do Personagem

Caso um ator ou atriz queira participar do casting para mais de um personagem, por favor, envie o mesmo material em E-MAILS SEPARADOS pois os diretores se orientarão pelos títulos das mensagens na caixa de entrada.

Casting

Os atores selecionados serão comunicados via e-mail até dia 30 de setembro e receberão, neste mesmo dia, o roteiro do(s) curta(s) com as cenas para serem preparadas para o teste de VT. A data e local do casting será divulgada posteriormente, mas adiantamos que os testes acontecerão em até 20 dias a partir da data de divulgação desta convocatória.

Cachês

Por se tratar de um projeto de baixíssimo orçamento, resultado também da parceria entre o Coletivo Arte na Periferia e empresas apoiadoras, o projeto Contos de Bairro pagará aos atores uma ajuda de custo simbólica. Todos os profissionais do projeto receberão ajudas de custo semelhantes.
Atores principais = R$ 200,00 / Atores Coadjuvantes = R$ 80,00

Datas

A gravação dos curtas acontecerá entre os meses de novembro e dezembro, sempre aos finais de semana.

Os curtas-metragens

Gente Feia

Baseado no conto “Gente Feia”, escrito por Huguêra
Roteiro e Direção: Peu Pereira

Sinopse:

Um gay que é craque de bola, um líder de comunidade envolvido com o movimento hip-hop, uma drag-queen que esqueceu suas raízes, um nordestino que nem sabe quem é, um chefão do crime organizado acima de qualquer suspeita. Personagens da periferia de São Paulo, que para muitos são apenas Gente Feia, botam à prova a máxima filosófica de que "o inferno são os outros".

Perfil dos personagens:

Gilson – personagem principal
Mulato, estatura mediana. Já foi moleque de rua e michê. Agora, aos 30 anos trabalha num restaurante. Sempre discreto, ninguém sabe que ele é gay. Na quebrada, embora todo mundo saiba da sua preferência sexual, é respeitado pelo seu passado de moleque de rua. Usa baby looks, calça jeans e tênis all star. Básico e sossegado.

Diego – personagem principal
Negro, forte. Tem mais ou menos 25 anos. Ligado ao movimento hip-hop e aos movimentos sociais. É um líder na quebrada. Conhecido de deus-e-o-mundo, se veste como um cara do rap. Calça larga, camiseta dos artistas e heróis negros, como Zumbi, boné e tênis.

Gilson Criança - coadjuvante
Menino moreninho, frágil. Pequeno, mas não magrelo. Tem entre 10 e 12 anos.

Marivaldo- coadjuvante
Braco, baixinho, troncudo. Típico nordestino tem 25 anos. É um cara bruto/rústico criado na lei do "quem pode mais, chora menos", junto com os caras da quebrada. Mas em casa, o código do "macho" nordestino é o que manda. Por isso, ele não consegue aceitar o próprio homossexualismo.

Scarlet Montserrat- coadjuvante
É a drag-queen mais famosa da cidade. Tem entre 35 anos e 38 anos, veste-se como a Marilin Monroe, mas é morena. Nome de baptismo é Josafá Augusto Ferreira de Jesus. Quando pobre, fazia michê, como o Gilson. Nessa época, voltavam pra casa mais ou menos no mesmo horário e pegavam o ônibus no mesmo terminal.

Nikimba - coadjuvante
Tem entre 28 e 30 anos, negro, magro e mal encarado. É o dono da boca, então, já viu de tudo! Só que sempre foi muito respeitado na quebrada. A mãe morreu cedo e o moleque foi criado, junto com uma irmã, pela avó. Depois que a avó morreu, a irmã se mandou, com um ladrão da quebrada, e o moleque virou bicho solto.

A mãe do Gilson - coadjuvante
A típica, tiazinha crente de periferia, tem por volta de 50 anos, mas aparenta muito mais. Cabelão, preso, em coque. Usa sempre saia de corte reto até a canela e blusa bem fechada. Já foi do mundo, largadona na vida, mas agora, tenta fugir do capeta que mora dentro dela, falando da vida dos outros.

Seu Damião - coadjuvante
Senhorzinho, pretinho e simpático, tem os seus 70, mas aparenta uns 50 anos. Roupeiro do time. Pai de todos. Acolhe todo mundo e respeita todos, nas suas diferenças. Gosta pra caramba do Gilson, porque ele é um menino que sofreu pra caralho na vida e é um cracão de bola.

Amanhã Talvez

Baseado no conto “Amanhã Talvez”, escrito por Sérgio Vaz
Roteiro e Direção: Rogério Pixote

Sinopse:

Asdrúbal e sua vida, cotidiano. Bebida, controle remoto, controle remoto, bebida, boteco. Às vezes a mulher, às vezes os filhos, às vezes. Controle remoto, bebida, TV, a Morte. A Morte e a vida de Asdrúbal.

Perfil do personagem:

Morte – personagem principal
Estatura mediana, ligeiramente gordo e com seus trinta anos. Um comportamento que beira a boemia e o deboche. Durante sua vida terrena ganhava a vida fazendo jogo do bicho e vendendo churrasquinho numa praça, foi preso por não pagar pensão alimentícia a um filho que nem sequer conheceu. Na cadeia ficou conhecido por um grupo de samba com grande prestígio. Morreu pedindo clemência entalado com um osso de frango numa farofa. No purgatório, utilizou sagazmente sua lábia doce e convenceu as autoridades celestiais que poderia dar jeito em muito maluco, ao contrário dos outros funcionários que sempre pousavam de angelicais. Foi assim que conseguiu o ofício de dar jeito na vida de quem não sabe viver, serviço com resultados nem sempre satisfatórios.

O Sonho de Titia

Baseado no conto “Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia”, escrito por Tico
Roteiro e Direção: Bel Mercês e Paula Szutan

Sinopse

Depois de uma noite de rebeldia, amor e divagações literárias, Keyla decide que vai pedir a mão do namorado em casamento. Mas no mesmo dia, acontece um acidente inesperado com a tia dele.

Perfil dos Personagens

Keyla – personagem principal
Jovem universitária paulistana, que aparenta ter entre 20 e 22 anos. Mais pra menina do que pra mulher. Apaixonada por literatura, fala o que pensa e a primeira vista demonstra rebeldia, apesar de ter um lado conservador. É a primeira vez na vida que está apaixonada.

Titia – coadjuvante
Senhora bem idosa e doente com dificuldades de locomoção. Se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Apesar de ter aparência física frágil está absolutamente lúcida. De forte personalidade, criou seu sobrinho sozinha e o ama incondicionalmente. Sonha em vê-lo casado.





25 de agosto de 2008

CASTING CONTOS DE BAIRRO


CONVOCATÓRIA DE CASTING

CONTOS DE BAIRRO

Três curtas-metragens baseados em contos de escritores da periferia de São Paulo.

Contos de Bairro – o projeto

O Coletivo Arte na Periferia, com o apoio do Programa VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), edital público da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, da HL Produções e da Revista de Cinema, convoca atores e atrizes residentes na cidade de São Paulo para o casting do projeto Contos de Bairro.
Contos de Bairro será uma obra digital composta por três curtas-metragens de ficção, baseada em contos de escritores da periferia de São Paulo. As histórias escolhidas para o projeto são Gente Feia, de Huguêra; Amanhã Talvez, de Sérgio Vaz; e Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia, de Tico.
Cada um dos curtas será adaptado e dirigido por cineastas diferentes. Contos de Bairro pretende constituir uma coletânea da produção audiovisual na periferia e gerar oportunidade de analisar o olhar de uma nova geração que vem produzindo audiovisual em São Paulo.

Pré-seleção de atores

Currículos, fotos e links para vídeos devem ser enviados para o e-mail contosdebairro@yahoo.com.br até às 12 horas (meio-dia) do dia 31 agosto (domingo), A/C da PRODUÇÃO. O título do e-mail deve ter o seguinte conteúdo:

Casting/ Nome do Curta/ Nome do Personagem

Caso um ator ou atriz queira participar do casting para mais de um personagem, por favor envie o mesmo material em E-MAILS SEPARADOS pois os diretores se orientarão pelos títulos das mensagens na caixa de entrada.

Casting

Os atores selecionados serão comunicados via e-mail até dia 3 de setembro e receberão, neste mesmo dia, o roteiro do(s) curta(s) com as cenas para serem preparadas para o teste de VT. O Casting acontecerá nos dias 6 e 7 de setembro (sábado e domingo) no Centro Cultural Monte Azul, Zona Sul de São Paulo, durante as manhãs e as tardes. O endereço e os horários que cada ator deverá comparecer será divulgado apenas aos selecionados.

Cachês

Por se tratar de um projeto de baixíssimo orçamento, resultado também da parceria entre o Coletivo Arte na Periferia e empresas apoiadoras, o projeto Contos de Bairro pagará aos atores uma ajuda de custo simbólica. Todos os profissionais do projeto receberão ajudas de custo emelhantes.

Atores principais = R$ 200,00 / Atores Coadjuvantes = R$ 80,00

Datas

Preparação de elenco: 20 e 21 de setembro (sábado e domingo)

Gravações:
Curta 1: Gente Feia
Dias 11, 12, 18 e 19 de outubro (finais de semana)
Curta 2: Amanhã Talvez
Dias 25, 26 e 27 de outubro (sábado, domingo e segunda-feira)

Curta 3: O Sonho de Titia
Dias 1, 2, 8 e 9 de novembro (finas de semana)

Os curtas-metragens

Gente Feia
Baseado no conto “Gente Feia”, escrito por Huguêra
Roteiro e Direção: Peu Pereira

Sinopse:
Um gay que é craque de bola, um líder de comunidade envolvido com o movimento hip-hop, uma drag-queen que esqueceu suas raízes, um nordestino que nem sabe quem é, um chefão do crime organizado acima de qualquer suspeita. Personagens da periferia de São Paulo, que para muitos são apenas Gente Feia, botam à prova a máxima filosófica de que "o inferno são os outros".

Perfil dos personagens:

Gilson – personagem principal
Mulato, estatura mediana. Já foi moleque de rua e michê. Agora, aos 30 anos trabalha num restaurante. Sempre discreto, ninguém sabe que ele é gay. Na quebrada, embora todo mundo saiba da sua preferência sexual, é respeitado pelo seu passado de moleque de rua. Usa baby looks, calça jeans e tênis all star. Básico e sossegado.

Diego – personagem principal
Negro, forte. Tem mais ou menos 25 anos. Ligado ao movimento hip-hop e aos movimentos sociais. É um líder na quebrada. Conhecido de deus-e-o-mundo, se veste como um cara do rap. Calça larga, camiseta dos artistas e heróis negros, como Zumbi, boné e tênis.

Gilson Criança - coadjuvante
Menino moreninho, frágil. Pequeno, mas não magrelo. Tem entre 10 e 12 anos.


Marivaldo- coadjuvante
Braco, baixinho, troncudo. Típico nordestino tem 25 anos. É um cara bruto/rústico criado na lei do "quem pode mais, chora menos", junto com os caras da quebrada. Mas em casa, o código do "macho" nordestino é o que manda. Por isso, ele não consegue aceitar o próprio homossexualismo.


Rebeca- coadjuvante
Reginaldo Cristiano de Freitas – gay, só se lembra que não é mulher quando se vê, pelado, no espelho. 32 anos, branco, estatura mediana, magro, cabelos lisos, jeito afeminado, bicha afetada. Trabalha num salão de cabeleireiros. Adora novela e compra todas as revistas de fofoca sobre os famosos. Suas ídolas são a Hebe e a Ivete Sangalo.
Scarlet Montserrat- coadjuvante
É a drag-queen mais famosa da cidade. Tem entre 35 anos e 38 anos, veste-se como a Marilin Monroe, mas é morena. Nome de baptismo é Josafá Augusto Ferreira de Jesus. Quando pobre, fazia michê, como o Gilson. Nessa época, voltavam pra casa mais ou menos no mesmo horário e pegavam o ônibus no mesmo terminal.

Nikimba - coadjuvante
Tem entre 28 e 30 anos, negro, magro e mal encarado. É o dono da boca, então, já viu de tudo! Só que sempre foi muito respeitado na quebrada. A mãe morreu cedo e o moleque foi criado, junto com uma irmã, pela avó. Depois que a avó morreu, a irmã se mandou, com um ladrão da quebrada, e o moleque virou bicho solto.

Nikimba Criança- coadjuvante
Negro de 10 ou 12 anos, baixo, mas forte, troncudinho. O chefe da turma, o mais sangue
no zóio dos três.

A mãe do Gilson - coadjuvante
A típica, tiazinha crente de periferia, tem por volta de 50 anos, mas aparenta muito mais. Cabelão, preso, em coque. Usa sempre saia de corte reto até a canela e blusa bem fechada. Já foi do mundo, largadona na vida, mas agora, tenta fugir do capeta que mora dentro dela, falando da vida dos outros.


Seu Damião - coadjuvante
Senhorzinho, pretinho e simpático, tem os seus 70, mas aparenta uns 50 anos. Roupeiro do time. Pai de todos. Acolhe todo mundo e respeita todos, nas suas diferenças. Gosta pra caramba do Gilson, porque ele é um menino que sofreu pra caralho na vida e é um cracão de bola.


Gordinho - coadjuvante
Moleque, com uns 11 anos, branco e gordinho.


Nenê - coadjuvante
Branco e mirrado, entre 09 e 10 anos.

Amanhã Talvez
Baseado no conto “Amanhã Talvez”, escrito por Sérgio Vaz
Roteiro e Direção: Rogério Pixote

Sinopse:
Asdrúbal e sua vida, cotidiano. Bebida, controle remoto, controle remoto, bebida, boteco. Às vezes a mulher, às vezes os filhos, às vezes. Controle remoto, bebida, TV, a Morte. A Morte e a vida de Asdrúbal.

Perfil dos personagens:
Asdrúbal - personagem principal
Negro, estatura mediana, cerca de 50 anos. Nasceu em Sergipe, onde passou sua infância e boa parte da adolescência. Desde cedo começou a trabalhar para ajudar a família. Aos quinze anos, após a morte de seu pai, Asdrúbal migrou para São Paulo para fazer sua batalha, economizar dinheiro e ajudar a família no nordeste. Se casou com Maria Josefa. Com o tempo, começou a beber e se afastou da sua família.

Morte – personagem principal
Estatura mediana, ligeiramente gordo e com seus trinta anos. Um comportamento que beira a boemia e o deboche. Durante sua vida terrena ganhava a vida fazendo jogo do bicho e vendendo churrasquinho numa praça, foi preso por não pagar pensão alimentícia a um filho que nem sequer conheceu. Na cadeia ficou conhecido por um grupo de samba com grande prestígio. Morreu pedindo clemência entalado com um osso de frango numa farofa. No purgatório, utilizou sagazmente sua lábia doce e convenceu as autoridades celestiais que poderia dar jeito em muito maluco, ao contrário dos outros funcionários que sempre pousavam de angelicais. Foi assim que conseguiu o ofício de dar jeito na vida de quem não sabe viver, serviço com resultados nem sempre satisfatórios.

Maria Josefa (Zéfa) - coadjuvante
Baixa, negra, 35 anos. Nordestina que desde os 10 anos de idade mora em São Paulo e hoje ganha a vida como diarista. Com 15 anos casou-se com Asdrúbal, seu primeiro namorado. A partir daí sempre foi sua companheira. Zéfa tem uma aparência jovial, mas nos últimos meses o semblante está mais abatido causado pela sua preocupação com o vício do marido que está lentamente contaminando seu sorriso.

O Sonho de Titia
Baseado no conto “Meu catecumemato na ludocópula e o sonho de titia”, escrito por Tico
Roteiro e Direção: Bel Mercês e Paula Szutan

Sinopse:
Depois de uma noite de rebeldia, amor e divagações literárias, Keyla decide que vai pedir a mão do namorado em casamento. Mas no mesmo dia, acontece um acidente inesperado com a tia dele.

Perfil dos Personagens

Keyla – personagem principal
Jovem universitária paulistana, que aparenta ter entre 20 e 22 anos. Mais pra menina do que pra mulher. Apaixonada por literatura, fala o que pensa e a primeira vista demonstra rebeldia, apesar de ter um lado conservador. É a primeira vez na vida que está apaixonada.

Bernardo – personagem principal
Rapaz paulistano que aparenta ter entre 25 e 28 anos, altura mediana, não é forte nem muito magro. Mora com sua tia idosa, que o criou, e sustenta a casa. Tem um amor maternal pela tia. É muito responsável, mas está cansado de seu trabalho burocrático. Admira a rebeldia de Keyla, sua namorada.

Titia – coadjuvante
Senhora bem idosa e doente com dificuldades de locomoção. Se locomove com a ajuda de uma cadeira de rodas. Apesar de ter aparência física frágil está absolutamente lúcida. De forte personalidade, criou seu sobrinho sozinha e o ama incondicionalmente. Sonha em vê-lo casado

10 de junho de 2008

CONTOS DE BAIRRO

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5 de junho de 2008

CONTOS DE BAIRRO

Primeira parte do conto que vai virar filme...
de Huguera

I

Naquela noite estava se achando. Era a noite de estréia da sua camisa preta, tecido colado e transparente, que a costureira do bairro demorara quase um mês pra fazer. É verdade, estava magoado. Mas sabia melhor do que ninguém deixar as tristezas na ponta do salto, assim, pisava nelas. Seu peito andava num téc-téc todo esquisito. A mágoa sabia reconhecer, era sua velha companheira. Mas, quando pensava nele, havia algo ali dentro que nunca tinha sentido antes. Será que amava aquele filho-da-puta? - Delete, delete, delete, esquece isso, Bi!, falou pra si mesmo. Essa noite era pra ele, só pra ele. Estava aí. O que rolar, rolou.
¬- Bichas burras... nós somos duas antas! Fica aí, falando mais do que a Hebe e, depois, perde o ponto de descer do ônibus...agora vamos ter que subir a Consolação inteirinha pra chegar lá... ninguém merece!, reclamava Rebeca, nome de batismo, Reginaldo Cristiano de Freitas, mas que fazia questão que o amigo lhe chamasse assim, e ainda enchia o seu saco, depois de algumas cervejas, pra que também adotasse um nome de guerra: - Bi, fala sério, né, Gilson é o ó! Tanto nome lindo, glamouroso, mas não , amigo inseparável de loucuras

II

Era fácil. Subindo pelo telhado do açougue, sairiam nos fundos da loja de roupas. Daí, era só pular e forçar a portinha, fechada só com um frágil trinco de metal. Os quatro garotos faziam aquilo muito mais pra ter o que fazer à noite, do que pelo dinheiro. Roupas íntimas. Gordinho e Nenê se acabavam de rir com cuecas enfiadas na cabeça. Gilson, enchia um saco plástico preto com calcinhas e sutiãs; e sorria, feliz. A pinga que haviam tomado antes de entrar, pra espantar o frio e a fome e pra criar coragem, tornava a cena muito mais engraçada. Os três se divertiam naquele lugar proibido para eles durante o expediente. Gente suja, como eles, não podia entrar ali. Nikimba observava, de longe. Não podia se ocupar com aquelas criancices. As portas da loja. – Vamos sair fora, já deu... já deu!, ordenou o maior dos meninos. Uma madrugada inocente e silenciosa, dava guarida praqueles garotos carregando um saco preto. No comércio local daquele bairro afastado do centro, encontrar um carro de polícia era muito azar. Apressaram-se. - A arte do malandro é não dar sorte pro azar, dizia Nikimba. 13 anos de sabedoria.
Seguros em seu campinho-esconderijo-dormitório os meninos, meio bêbados ainda, divertiam-se em volta de uma fogueira agonizante. Vestiam pijamas, ceroulas e cuecas na cabeça. Gilson, que havia se afastado do grupo, volta meio cambaleante. Iluminado pela fraca luz, reaparece de sutiã e calcinha brancos. Uma anágua na cabeça. –Lá vem a noiva... todaaaa de braaanco...” Nikimba, se levanta e lhe dá um soco na cara, derrubando-o. – Você é bicha, caralho? Nenê e Gordinho que se preparavam para rir da noiva do campinho... assustaram-se e se fecharam. O menino se levanta rapidamente e vai se sentar num tijolinho, afastado do grupo. Nikimba vai se sentar num lugar escuro, de costas para os meninos. Gilson chora em silêncio. A cabeça baixa. Apenas o sussurro das brasas da fogueira se faz ouvir. Limpa o sangue do nariz e não consegue entender o porquê daquele soco. Nikimba não gostava dele? Não era com ele que fazia coisas à noite, depois que os outros dormiam? Um calor infernal toma conta do seu corpo. Parece que um rastilho de pólvora vinha da fogueira até o tijolo onde estava sentado. Abrasava por dentro. Não podia despejar toda sua raiva no Nikimba. Não no Nikimba... gostava dele! O cheiro de fumaça misturado com o de cola de sapateiro e pinga o enojara. Levanta-se sem olhar para ninguém. Agarra o saco preto, cheio de calcinhas e sutiãs e sai andando. A cabeça ainda rodava e fervia. Explicação não precisava. Gilson não voltaria mais ali...
As pessoas que entravam naquele ônibus, o primeiro da linha, madrugada alta, deparavam-se com um saco preto no meio do corredor. No banco ao lado, um monte de peças íntimas femininas forravam o banco. Peças novas, ainda com etiqueta. Perambulando pelo corredor, uma criança, moreninha, de cabelinho curto e aspecto frágil, confundia suas cabeças. Seria um menino ou uma menina aquela figura que desfilava pelo ônibus vestindo uma calcinha e um sutiã brancos, por cima da roupa? A criança, nitidamente embriagada, passeava pelo corredor do ônibus fazendo poses de modelo. Algumas pessoas preferiam fazer de conta que nada estava acontecendo por ali. Viravam o rosto. Quando Gilson percebia que alguém estava olhando, parava no meio, mãos na cintura, cabeça levemente inclinada. E sorria. Aquele sorriso bêbado dado por uma criança, fustigava os que o recebiam. Os passageiros mais engraçadinhos ou mais mal-intencionados – todos homens - gracejavam: - Olha que avião, na passarela! Parece a Luiza Brunet! Alguns riam. A criança ria grande e aumentava a dose de empolgação nos trejeitos. Já no final da “passarela”, uma senhora, de cabelos em coque, chamou Gilson para perto de si. ¬– Pelo amor de Deus, minha filha, pega suas coisas e vai pra casa! Num fica andando assim por aí, não! Tem muito animal por aí que pode fazer mal a você... O menino deu uma rodada, daquelas que as modelos dão no final da passarela, e, virando a cabeça para trás perguntou: - O que foi que a senhora disse, Dona?, e arrumou o sutiã. A mulher tentou se explicar: ¬¬- Você já tá ficando mocinha, minha filha, se ficar por aí sozinha, desse jeito que você ta, pode vir um homem mau e fazer sabe lá Deus o que, com você! Pega as suas coisas e vai pra casa, vai, minha filha? As mulheres que estavam no banco ao lado concordaram, balançando a cabeça e balbuciando alguma coisa. Gilson jogou a cabeça pra trás e deu uma sonora gargalhada. Pegou suas coisas, tirou a calcinha e o sutiã, e desceu; tão logo o ônibus parou em algum ponto. - Mocinha. Quer dizer que agora eu to ficando mocinha?, e riu.

III

O baixinho, da camisa sete passou voando, fazendo poeira ao seu lado: - Passa a bola, Gilson... passa a bola, Gilson! O companheiro, da camisa nove vermelha vinha desde o meio de campo driblando seus marcadores, e parecia nem ouvir o que o outro gritava. – Passa a bola, Gilson... passa a bola, caralho! Dentro da meia lua, o centro-avante moreno do time vermelho, baixou a cabeça e chutou. -Uuuuuuuuuh! foi o que se ouviu por todo o campo. A bola passara raspando no travessão da meta do outro time. A oportunidade de virar o jogo havia sido perdida ali.
Com o apito final do juiz, a torcida, que até então, lotara os barrancos do lado do campo, começou a se dispersar. Crianças, velhos, homens e mulheres. Gente muito boa e gente muito ruim. Os motores das motocicletas, que até então respeitaram a música do futebol, voltaram a berrar. Alguns ouviram tiros de comemoração. Aquele empate contra o time mais forte do festival, não era de todo ruim.
Gilson havia corrido para o vestiário para pegar as suas coisas tão logo o árbitro apontara para o meio de campo. Os seus companheiros, talvez com menos pressa, vinham conversando, ainda no calor do jogo. O camisa três lamentava: ¬- Se aquele último chute do Gilson tivesse entrado, já pensou? O baixinho da camisa sete, vermelho, aparentando estar mais irritado do que dentro de campo, vociferou: - Se aquele porra do Gilson tivesse soltado a bola, eu tinha guardado pelo menos um! e apressou o passo. – Valdinho, se você jogasse tanto quanto fala, teria feito pelo menos dois., disse o negro da camisa dez, capitão do time. – O cara me deu o passe pro primeiro gol; fez o segundo e você ainda quer cornetar o cara? Na porta da entrada do vestiário, uma casinha de tijolos à vista, Valdinho pára e meio de soslaio fala pro seu capitão: ¬- Agora você vai ficar defendendo o Gilson... dá o cu pra ele também, Di!” E só não entra com tudo no vestiário porque o camisa nove, já de mochila nas costas, estava de saída e bloqueara o seu acesso: “Qual é a sua, Marivaldo, seu bosta? Tá com saudades da surra que eu te dei quando a gente era criança?”, e permaneceu parado na porta. As caras brancas dos outros nove homens do time contrastaram com o vermelho de suas camisas. Valdinho, mais branco do que os outros, disse, não sem certa dificuldade: “Do que você tá falando?”.
- Ué! Num tá lembrado, não? Estranho, dizem que é o cara que apanha quem nunca esquece! Você num jogou porra nenhuma e ainda ta aí, falando bosta pelos cotovelos... Tá mesmo é querendo levar outro cacete meu... A “turma do deixa disso” interveio: - Esquece isso, Gilson, o Valdinho fala demais, às vezes! Mas o esquentado camisa sete do time vermelho nem ouviu e já emendou: - Quem gosta de levar cacete, pau, rola, aqui, é você, seu viado do caralho! Pra quê? A resposta veio na lata: - Sou viado, mas você num güenta... e vou acabar com a sua macheza é agora, seu filho d’uma puta! Aí ninguém conseguia ouvir mais nada, foi uma gritaria, um empurra-empurra, um montoeiro de homem de camisa vermelha pra conseguir segurar o Gilson. O capitão do time, o dez, que até então estivera perto do Valdinho, virou as costas, tão logo a baixaria começou, e se picou dali. Gilson preparou uma cabeçada com endereço tão certo, que a sorte do Marivaldo foi que o Tião Gordo, camisa quatro e o mais forte do time, conseguiu puxá-lo na hora em que a cabeçada foi dada... senão o time ia ficar desfalcado pro próximo jogo da final, com o ponta direita de nariz quebrado. No meio do qüiproquó, que já durara mais do que devia, chegou correndo o Seu Damião, que só jogava dominó, mas que era o torcedor número um e roupeiro do time, gritando com todo mundo: ¬-Cês tão louco, seus filho d’uma rapariga? Que é? Vocês querem se quebrar? Querem se matar? Então, no próximo final de semana num tem nem jogo, né? Já era o festival... A voz da razão acabou, na hora, com a confusão feita pelos ânimos exaltados. Todos caíram em si. Gilson e Marivaldo, inclusive. O amor àquela camisa vermelha era maior do que o ódio que um sentia pelo outro. Uns foram tirando o Valdinho de cena. Outros ficaram com o Gilson. Seu Damião, passou a mão na cabeça do camisa nove artilheiro e falou: -Vai pra casa tomar um banho, garoto, relaxa! Se o time num perdeu hoje foi por sua causa... vai lá, toma um banho e descansa, vai? Ainda com o coração acelerado, o moreno agradeceu, olhando pra baixo: -Brigado, Seu Damião, brigado! E saiu andando descendo a rua, caminho de casa.
Ao virar a esquina da rua onde morava, avistou Diego encostado num poste, o capitão do time, já de roupa trocada e banho tomado, parecia que o estava esperando. – Qualé, Di? Que que você quer?, inquiriu Gilson, parando em frente ao poste. Ainda olhava para baixo. Como o outro permaneceu calado, olhando-o, decidiu continuar a andar: - Porra, Di, o cara acabou com a minha raça, na frente do time inteiro, rolou o maior barraco lá, tinha uma pá de cara à minha volta, e você num fez merda nenhuma? Qual é, Di? Vai que cola um louco lá, que, só pra variar, num gosta de mim, se junta com o filho-da-puta do Marivaldo e decide me socar, ou me subir lá mesmo? Você num ia fazer nada, Di... Diego que vinha andando atrás dele, em silêncio, até então, murmurou um começo de frase, mas a decepção do outro só aumentou: -Você virou as costas e saiu andando, Di... que merda! Você me deixou lá, sozinho, no meio daquele puta barraco horroroso! A resposta de Diego veio quase sem voz: - Mas, precisava, Gilson?
- Precisava, ô, se precisava! E aí, parece que a indignação aumentou: - Num fode, Di, o cara fala mal de mim pelos cotovelos, acaba comigo, você num faz porra nenhuma e ainda me pergunta se eu precisava me defender? Qual é, Di? Se eu num me defendo quem é que vai me defender? Você? Que me deixou lá, sozinho? Que virou as costas pra mim? E ainda mais nervoso, parecendo não acreditar no que tinha ouvido: - Ái, meu Santo Amaro, só me faltava essa! Ou você preferia que eu num fizesse nada, o cara me esculacha depois do puta jogo que eu fiz e eu ainda tenho que dizer amém pra ele? Vai pra puta-que-o-pariu, Di!, gritou.
Diego seguia Gilson, com passos tímidos, meio de lado, os olhos percorrendo toda a vizinhança: - Num precisa gritar, Gilson, eu ia... nem terminou a frase, Gilson se virou e falando bem baixinho, quase sussurrando, falou: - Que é Di, tá com vergonha de mim? Então por que cargas d’água veio até aqui?, e esperou o contraditório do outro. O que não veio: - Ah! Você estava com vergonha, né? Ou era medo? Medo que eu me virasse no meio do barraco e chutasse o pau da barraca e contasse pra todo mundo que foi na minha cama que você passou a noite de ontem? Diego, estacou. Branco. Gilson, seguiu andando e nem se virou pra falar: - Sai fora, Di, eu não quero mais saber de você não... você me decepcionou demais hoje! Sai fora, vai!, e entrou em casa.

29 de maio de 2008

TRÊS PEQUENA NOTÍCIAS...

1 – ‘,…e viajando por perigosas aventuras intergalacticovirtual, chegamos a ficar por um fio da morte… quase que não conseguimos voltar pra superfície. Por entre códigos e upload's, linguas estranhas, entranhas escuras e o escambal…
Apresentamos este layout, produzido durante a saga(rana) sem grana, nem grama, nem trama, nem brahma, nem shiva, nem o jiraia!!! Afffi…,’

2 – Estamos realizando o projeto CONTOS DE BAIRRO, contemplado pelo VAI. Trata-se da realização de três curtas metragens baseados em contos literários de escritores periféricos. O projeto também reune três cineastas da periferia, sendo um diretor para cada filme, alem de contar com trilha Sonora original feita pelos vagabundos aqui da quebrada! A idéia é realizar um retrato da produção audiovisual da periferia.

3 – Estamos co-realizando o Cine Fábrica, que exibe um filme por semana, sendo quatro filmes por mês. Todas as QUINTAS FEIRAS AS 20H00. Na próxima QUINTA passaremos um curta que realizei em 2006 pelas oficinas kinoforum. O filme mostra a transformação de três pessoas a partir do envolvimento com uma atividade artistica. No próximo mês teremos uma dobradinha de Truffaut e Buñuel. Veja abaixo!