arte na periferia: ARTE NA PERIFERIA: Um freio às mazelas

23 de junho de 2009

ARTE NA PERIFERIA: Um freio às mazelas

ARTE NA PERIFERIA: Um freio às mazelas

by peruano — last modified 2007-02-08 16:38

A atuação da Casa de Cultura Santa Tereza levou à diminuição da criminalidade em Embu (SP)

A atuação da Casa de Cultura Santa Tereza levou à diminuição da criminalidade em Embu (SP)


Rui Kureda
de Embu (SP) 


Muitos moradores de Embu (SP) consideravam o bairro de Jardim Santa Tereza um local violento, com elevado índice de criminalidade. No final dos anos de 1980, Anivaldo Ferreira, funcionário da Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem), desafiou essa realidade. E pôs em prática um sonho: realizar um trabalho cultural voltado a adolescentes e jovens da periferia, para resgatá-los da rota do crime, da violência e das drogas, por meio da valorização da arte, da cultura e da cidadania. 
Inicialmente, tentou realizar um trabalho a partir dos mecanismos da Febem, mas não teve sucesso. Disposto a levar adiante seu projeto de qualquer maneira, Anivaldo não desistiu. Principalmente, porque percebia que muitos dos internos com os quais trabalhava moravam em Santa Tereza. 
Em 1992, viu sua oportunidade chegar. Ocupou um terreno ocioso e instalou ali uma barraca de lona e plástico. Trabalhava de noite na Febem e, durante o dia, dedicava-se a colocar em prática suas idéias. 
Na barraca, começou a realizar atividades de teatro popular com dezenas de meninos das “áreas de risco”, das áreas mais violentas e perigosas. Aos poucos, com seu salário foi erguendo paredes, iniciando a construção do que viria a ser a Casa de Cultura Santa Tereza, com 250 metros quadrados e três andares. 

RELAÇÃO COM A COMUNIDADE 
Até consolidar o trabalho da entidade, muitas dificuldades tiveram que ser enfrentadas. E muitas etapas tiveram que ser cumpridas. A relação com a comunidade local foi uma delas. 
Inicialmente, houve estranheza por parte dos moradores. Mas à medida que a Casa de Cultura ia se estruturando, a comunidade percebeu a importância do trabalho de Anivaldo. Afinal, as crianças do bairro tinham atividades para fazer, assistiam a peças, participavam de oficinas de arte. Antonio Maximino dos Santos, morador do bairro, diz que a Casa de Cultura representou “uma evolução para o bairro”, ajudando crianças e jovens. 
O trabalho também chamou a atenção de outros setores, inclusive empresas, pequenos comerciantes, que passaram a colaborar e oferecer suporte. A empresa Atotech, que atua no ramo de química e petroquímica, contribuiu para ampliar a Casa de Cultura. Viviane Neres, da diretoria da Casa de Cultura, ressalta a importância dessa relação com a comunidade. Para ela, é essencial para o desenvolvimento do trabalho, pois a participação dos moradores do bairro faz com que deixem de ser apenas beneficiários das atividades.

ATIVIDADE PARA A INCLUSÃO 
Com o passar do tempo, a Casa de Cultura foi se consolidando e colhendo frutos. O número de atividades e eventos oferecidos aumentou gradativamente. E mais pessoas se integraram ao trabalho voluntário. 
Zeus, outro morador do bairro, relata que, graças à Casa de Cultura, “muitas crianças deixaram as ruas e escaparam do caminho das drogas e do crime”. E, segundo ele, as atividades e eventos foram, aos poucos, despertando um interesse maior da população em relação às artes. 
Esses resultados positivos foram aparecendo gradativamente. Professores notavam que meninos e meninas que participavam de oficinas e cursos da Casa de Cultura tinham um rendimento escolar melhor. Muitos jovens conseguiam um lugar no mercado de trabalho graças a cursos oferecidos pela Casa, como o concorrido curso de informática. 
Para Vanessa Aderaldo de Souza, também diretora da Casa de Cultura, esses resultados são conseqüência da filosofia adotada, que promove simultaneamente inclusão social e cultural, além do despertar de uma consciência crítica. 
Hoje, mais de 400 crianças e adolescentes participam dos cursos e oficinas oferecidos pela Casa de Cultura. São dezenas de opções, abrangendo atividades como capoeira, arte em madeira, artes plásticas, canto coral, break, fotografia, teatro infantil, redação, corte e costura, informática, ginástica aeróbica, bijuteria, bordado, entre outras. 

FEIRA DE ARTES 
Uma das principais atividades da Casa de Cultura é a Feira de Artes, que ocorre todos os anos. A primeira ocorreu em 2000. Com barracas ocupando várias ruas do bairro, a Feira oferece atividades diversas, com vários palcos onde se alternam grupos de rock, hip hop, música eletrônica, MPB. A 1ª Feira de Arte foi um sucesso, conseguindo atrair mais de dez mil pessoas. 
Desde então, tornou-se uma tradição. As feiras, com o passar dos anos, tornaram-se mais atrativas, contando com a participação ampla de artistas da região e de outras cidades. E também o público aumentou. Cerca de 70 mil pessoas, segundo dados da Polícia Militar, participaram da 6ª edição. 

AÇÕES POLÍTICAS 
Mas a Casa de Cultura também vai além de atividades artísticas. É o próprio Anivaldo quem conta que, em 2004, preocupados com o desemprego na cidade, os participantes da entidade decidiram promover mobilizações contra o desemprego. Junto com organizações como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Consulta Popular, lançaram o Movimento dos Trabalhadores Desempregados (MTD) na cidade, e iniciaram uma série de mobilizações. 
Envolvendo centenas de pessoas, reivindicam do poder público local soluções para o desemprego e subsídios para capacitar trabalhadores a se integrar no mercado de trabalho. E denunciam a farsa da Frente de Trabalho que, segundo Anivaldo, não passa de “trabalho semiescravo”. 
Além dessa luta, a Casa de Cultura integra a luta pela criação do Parque Ecológico, uma reivindicação antiga da comunidade. Em 2000, a luta mobilizou centenas de pessoas que realizaram um “abraço à Mata”, chamando a atenção para a necessidade de preservação de uma importante área da Mata Atlântica. 
Essa luta continua, e tem como alvo imediato impedir que o governo do Estado construa prédios da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU). Anivaldo afirma que o governo e a direita tentam colocar contra o movimento os sem-teto que seriam beneficiados pelo CDHU. Para ele, é preciso lutar por “moradia de qualidade, mas essa luta não pode ser feita às custas da degradação ambiental”. 

PERSPECTIVAS 
Com tantas conquistas ao longo de anos de luta e sacrifício, Anivaldo Ferreira ainda tem mais planos. Primeiro, pensa que é necessário consolidar a Casa de Cultura, formando e capacitando mais pessoas que levem adiante o trabalho. E acha que é fundamental que iniciativas como a Casa de Cultura proliferem, que sejam criadas mais entidades voltadas para a inclusão social por meio da cultura e da arte. 
Pretende ainda transformar a Feira de Artes em atividade permanente. A cidade de Embu das Artes é reconhecida pelo artesanato. Para ele é necessário que se crie também na periferia uma Feira de Artes permanente, com a participação dos moradores dos bairros de Embu. 
E muitos outros sonhos estão na mente de Anivaldo e dos membros da Casa de Cultura. Numa situação marcada pela exclusão social e cultural, em que a desilusão prevalece sobre a esperança, iniciativas como as promovidas pela Casa de Cultura são uma inspiração para outras iniciativas populares. E, principalmente, uma prova viva de que a esperança não morreu. 

Casa de cultura Santa Tereza 
Rua Cerqueira César, 164
Jardim Santa Tereza
06813-000 – Embu-SP
(11) 4149-5315 e 4149-2957

Frente de Trabalho – Programa do governo do Estado de São Paulo que promove trabalhos temporários a pessoas desempregadas, geralmente como complementação de mão-deobra já existente no serviço público.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/v01/impresso/anteriores/jornal.2007-02-06.2128300955/editoria.2007-02-06.2823662936/materia.2007-02-08.3732688651

Um comentário:

Anônimo disse...

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