moro lá onde as casas não são pensadas
onde as ruas são esburacadas
lá onde a vida tem um brilho, mesmo sem trigo.
lá onde a esperança há muito se perdeu
onde o silêncio correu depois de cada tiro.
lá, eu me lembro, brinquei nos campinhos
mais legal que já existiu, bolinha de gude,
mãe da rua, mãe chamou "já são meia noite!!!"
a violência está acordando, pensava ela...
no terreno baldio da minha rua, tinha erva
cidreira, colhia toda tarde pro lanche, mesmo
quando o lanche era apenas chá.
morei ali, aqui, acolá, e continuo no mesmo lugar
é neste lugar que moro, as paredes são mofadas,
muitas vezes o sol não bate, parece um monte de
[coisa entulhada...
a parede do meu quarto é angulada em v
a aquarela do que foi deixado como vela no tempo.
uma triste aquarela, dura, com pouca ou sem água nenhuma.
moro ali, bem na esquina da virada pela esquerda.
Peu
2 comentários:
Adorei, roubei e coloquei na minha caixinha
valeu nega!!! de vez em quando entre onibus e sapos, rola uma inspiração... beijos
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