arte na periferia: Nossas conversas.

12 de julho de 2008

Nossas conversas.

O Alan esses dias me disse que a gente tem que criar uma critica literária. Creio que isso seja coisa da maior importância. Precisamos de um Baudelaire da Periferia, que vá as exposições, as peças de teatro, que leia nossos escritores, que tome cerveja no Prudente, que vá na Cooperifa e no sarau do Binho e fique bêbado de vez em quando.

Podemos deixar essa função pra alguém de fora? Estou certo que não. Devemos continuar nossa consumissão, mas não podemos esquecer de que estamos construindo um movimento histórico, uma proposta, uma ideologia de vida, um movimento artístico como o Dada, Pop art, Tropicália ou Bossa Nova.

E dentro desse angu de sangue, o movimento literário tem uma forte influência da literatura marginal, digo influência porque deixou de ser marginal, está numa fase de composição tal que ainda é irrotulável, e segue em direção a um caminho próprio. Vivemos em tempos onde somos inteiro marginalizados, antes fosse só nossa arte!

Tecendo um pouco mais as idéias. Tava bolando uma idéia com o Sergio esses dias e falávamos quão importante é ter nossa própria estrutura para poder produzir por nóis! Queremos fazer TV agora! Porque temos consciência do nosso potencial e da revolução tecnológica que a humanidade enfrenta. A internet tá embaralhando tudo!

Devemos deixar “eles” produzir nóis? Mais vez estou seguro que não. Então chegamos a uma perspectiva da qual eu gosto muito. A multidisciplinaridade! Enquanto na academia fica-se no debate fenomenológico da questão, mas na pratica é cada vez mais específica. Na periferia o chicote estrala, tem que ser modelo, atriz e bailarina! E a formação é de rua sim senhor! (inclusive eu e Gil estamos lançando esse selo, aguarde!)

O MC vira produtor do seu trampo, o cineasta vira ator, produtor, locutor e o escambal, o poeta é editor, organizador, capoeirista, prozador e meio bruxo. O grafiteiro é disigner gráfico e também pinta a óleo, Se você quer produzir na periferia, tem que ser multimídia. E é isso que tá fazendo o dendê ficar mais apimentado.

Isso acaba trazendo um aspecto de produção artesanal, longe da perfeição técnica normativa, queremos ir para longe dos caminhos já batidos e por isso podemos dizer que estamos germinando uma nova estética. Isso remete a idéia de um certo Renoir, que diz o seguinte: “só se encontra qualidade (na realização da obra de arte) reencontrando – inconscientemente – o espírito dos primitivos”. Salve Solano Trindade, “tem gente com fome, tem gente com fome, tem gente com fome.

Por fim quero dizer nessa humilde reflexão que o time tá forte! Cada vez trabalhando mais em conjunto, palavra chave para se fazer qualquer coisa. E isso gera cada vez mais demandas, por isso precisamos de um crítico literário, de um critico de arte, de um iscrivinhadô, um colecionador de pedras, para que possamos debater nossa estética.

Peu Pereira