Cultura Popular perde com a morte de Pena Branca
SID lamenta falecimento do cantor popular
A morte de José Ramiro Sobrinho, o Pena Branca, ocorrida no último dia 9 de fevereiro, por enfarte, deixará uma grande lacuna na música popular brasileira. Junto com o irmão, Xavantinho, falecido em 1999, ele criou um estilo próprio no universo da música caipira, tornando a dupla um dos maiores ícones da música de raiz. Pena Branca e Xavantinho ganharam dois prêmios Sharp (1990 e 1992) e, depois da morte do irmão, Pena Branca, que seguiu carreira solo, ganhou, em 2001, o Grammy Latino, com o álbum Semente Caipira.
A Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural, do Ministério da Cultura, que desenvolve ações para proteger e fomentar as expressões culturais populares brasileiras, como o concurso Prêmio Culturas Populares, lamenta a morte de Pena Branca. "A viola caipira faz parte da cultura tradicional e é utilizada pelas duplas de cantadores em quase todas as manifestações da cultura popular, como no Fandango, nas Folias de Reis e nos Batuques. Pena Branca foi um dos representantes mais legítimos desse tipo de manifestação cultural", afirma o secretário da SID, Américo Córdula.
Circula pela internet um movimento reivindicatório dos violeiros brasileiros para que o próximo concurso do Prêmio Culturas Populares homenageie um representante da viola caipira no Brasil, como já é tradição do concurso. "A morte de Pena Branca nos deixou mais receptivos ainda a essa proposta de dar, ao próximo prêmio, o nome de um grande violeiro brasileiro", pondera Córdula.
Para Roberto Corrêa, um dos maiores violeiros e estudioso da viola caipira e da viola de concho (típica da região do pantanal matogrossense), Pena Branca fará muita falta. "Ele, junto com Xavantinho, fez, muito bem e com muito talento, a união da música caipira com clássicos da MPB. Ele foi uma grande personagem para a música popular brasileira e a dupla ficará como uma referência desse trabalho diferenciado na música caipira", afirma Corrêa, que é professor de viola caipira na Escola de Música de Brasília.
Volmi Batista, presidente do Clube do Violeiro Caipira de Brasília, lembra que Pena Branca participou, por duas vezes, do Encontro de Folia de Reis, realizado anualmente em Brasília. "Ele constava da programação do último, que aconteceu de 29 a 31 de janeiro, mas por falta de espaço na grade da programação, não participou. Mas ele cantou, em 2008, na Sala Vila Lobos, no show em homenagem aos 30 anos da dupla sertaneja Zé Mulato e Cassiano. Foi sua última apresentação em Brasília", recorda Batista. Segundo ele, nesse show, Pena Branca se apresentou ao lado de Inezita Barroso, Roberto Corrêa e Pereira da Viola.
Nascido em 1939, em Igarapava, interior de São Paulo, Pena Branca iniciou carreira solo em 1999 depois da morte do irmão, Ranulfo Ramiro da Silva, o Xavantinho, que na época tinha 57 anos. A dupla começou a cantar em 1962; e, em 1968, mudou-se para São Paulo, para tentar a vida artística. A dupla ficou conhecida do grande público quando gravou, em 1987, a música Cio da Terra, grande sucesso da MPB na voz de Chico Buarque e composta por ele e por Milton Nascimento. A dupla Pena Branca e Xavantinho se tornou conhecida também internacionalmente, principalmente nos Estados Unidos da América onde fez muito sucesso.
(Heli Espíndola- Comunicação/SID)
fonte: Identidade Cultural
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