arte na periferia: EVENTO E MOVIMENTO

5 de setembro de 2007

EVENTO E MOVIMENTO

Pelo menos desde meados do ano passado o grupo do qual faço parte, ManiCômicos, agora Brava Companhia, tem participado da luta pela retomada de posse do antigo Sacolão do Parque Santo Antônio, espaço público, ou seja, da população, que vinha sendo utilizado de forma indevida para fins particulares, por um certo senhor de codinome "Gatão".

Nesse período, participamos (principalmente eu) de inúmeras reuniões envolvendo representantes do Poder Público, moradores da região, entidades que atuam na região, artistas, redes sociais, políticos, representantes do Poder Judiciário, polícias, etc. Todos atuando num esforço conjunto para tornar possível a transformação daquele local em um espaço sócio-cultural que atenda a toda a população do entorno.

A realização de atividades culturais como as que se iniciaram neste fim-de-semana (o teatro da Brava Companhia no sábado e a Quebrada Cultural no domingo) com grande participação da população, mesmo com uma pequena divulgação, é a primeira parte de um sonho de todos os envolvidos neste processo e que agora começa a se tornar realidade, e é uma pena que a primeira parte desse sonho fique manchada com o fato desagradável que envolveu Os Mameluco durante a Quebrada Cultural realizada no domingo.

Mas, vamos aos fatos: o show d'Os Mameluco que deveria durar meia hora, foi interrompido de forma abrupta após a terceira música, por um indivíduo de nome Luther (acho que é assim que se escreve) que se dizia "produtor" do evento, e ordenou que o som fosse cortado. Esse sujeito só produziu confusão já na noite anterior quando, visivelmente embriagado, criou uma grande discussão durante a entrega dos equipamentos de palco.

O mais absurdo de tudo isso é que o tal indivíduo, uma pessoa mal-educada e aparentemente despreparada para a função, agia como se fosse a autoridade máxima responsável pelo evento, ameaçando na noite anterior não montar a estrutura do palco e, durante o dia, expulsando de forma agressiva artistas da região.

Esse tal de Luther, desrespeitou os artistas, a comunidade e todos que estavam ali acompanhando o show, e foi sim, o pivô de toda a confusão que aconteceu durante a Quebrada Cultural no domingo.

Mas eu pergunto: será que esse sujeitinho era mesmo o único responsável pelo evento, e tinha o direito de "botar toda a banca que botou" para cima de todos os que estavam ali?

Essa Quebrada Cultural inicialmente seria realizada em outro local, mas foi levada para o Sacolão para ajudar a enriquecer essa primeira programação cultural e fortalecer o ato de retomada de posse daquele espaço público. Foi louvável o esforço do Poder Público em contribuir para que esse novo equipamento sócio-cultural se firme, colocando o evento ali. Mas como se viu, não bastava simplesmente "colocar o evento ali", era preciso que ele fosse bem realizado. E não se pode negar que houve falha na organização por não haver mais ninguém ali com autoridade ou atitude para supervisionar o evento, e todo o controle ter ficado nas mãos desse tal "produtor".

Achei estranho também o fato de a banda que subiu ao palco na seqüência da expulsão d' Os Mameluco nem comentar o fato... Como fui embora em seguida, não sei se o fizeram depois... Mas enfim... Acredito que isso tudo que aconteceu pode servir para que todos nós, que nos dizemos "artistas da região", possamos refletir sobre algumas coisas. Ouço muito por aí, nos bares e quebradas, que cada vez mais, o "Movimento Cultural" da nossa região está se fortalecendo... Será que está mesmo? Então, por que ainda não nos organizamos para opinar sobre os cargos públicos de cultura na nossa região? Por que ainda aceitamos esses eventos que nos jogam sobre as cabeças e não lutamos juntos por uma Política Cultural para a nossa região? Por que ainda concorremos com nós mesmos? Por que não falamos nada quando entramos no palco após a expulsão dos nossos companheiros?

Será que existe mesmo esse tal "Movimento Cultural" da região, ou somos só um bando de artistas correndo atrás de um cachê para depois gastarmos juntos na cerveja?

Ademir de Almeida

Integrante da Brava Companhia

4 comentários:

Anônimo disse...

Bom seria se gastassemos esse cachê (quando entra) em cerveja juntos. Vamu abri o olho, que pode tá rolando um nepotismo ai ná area.
Em outras palavras; vamos ficar atentos à Cooperatividade e a Igualdade.

Anônimo disse...

OH! vamos manter isso aqui ok?!

PuGA MeneZES disse...

Eu acho que esta mais pra:

Um bando de artistas correndo atrás de um cachê para depois gastar com cerveja, infelizmente, tá mais pra isso!!!!

E quando agente faz um barato por conta própria, vem o governo com seus funcionáriosinhos de merda prometer um monte de Bosta e atravessar nosso movimento!!!!

Vão tudo se FUDE!!!
E esse anônimo do CARAIO ai de cima, porque não se indentifica??? Vamos manter isso o CARAIO,

Vamos exercer nossa Cooperatividade e a Igualdade essa é a CARA!!!

Ai Peu firmão pelo texto, e desculpa as palavras revoltosas!!!!!! nois vai se falando!!!!!

Anônimo disse...

Qual o motivo de mantermos isso por aqui mesmo? Há o interesse em falar que é artista, que toca aquilo e desenha ou escreve isso, mas na hora de representar, fazer alguma coisa significativa quando não tem nenhuma câmera ou holofote escancarado no nariz é muito mais dificil não é?
o nepotismo anda lado a lado com a hipocrisia de achar que só os acordes do seu instrumento amplificados ja bastam para falar sobre assuntos bonitos e fortes, vamos falar menos e fazer mais, assim quem sabe essa discussão anonima nem existiria, não é mesmo?