MANIFESTO
“Vá ao encontro do seu povo,
Ame-o,
Aprenda com ele,
Planeje com ele,
Comece com ele aquilo que ele sabe,
Construa sobre aquilo que ele tem.”
(Kwame Krumé)
A Região de Campo Limpo, Jardim São Luiz, M’Boi Mirim, Jardim Ângela , Capão Redondo, tem uma história peculiar na construção da cidade de São Paulo. Com uma população de mais de um milhão de habitantes, teve nas décadas de 70, 80 e 90, teve uma importância fundamental na construção da luta por uma sociedade democrática e igualitária, fruto da ação dos diversos movimentos sociais, que foram sendo constituídos nas necessidades expostas da região e de um profundo enraizamento das CEBS- Comunidades Eclesiais de Base, que originou diversos grupos de lutas especificas: Movimento Negro, Mulheres, Moradia, Carestia, Creche, Criança e Adolescente, Sindical, Educação, Direitos Humanos, Movimento Cultural entre outros.
No ultimo período, de matiz neoliberal, houve uma crescente institucionalização dos movimentos sociais, seja pela cooptação das suas principais lideranças (governos e partidos), ou pela capitulação a lógica do ONGuismo, puro e simples, que transfere aos grupos ligados aos movimentos sociais as responsabilidades do Estado, a energia combativa dos grupos da região tem perdido sua força e vitalidade.
Paralelamente ao processo de desmobilização de boa parte dos movimentos sociais, o capitalismo tem apresentado a sua pior face, impedindo de que sejam efetivados os direitos sociais previsto na Constituição, avançando sobre os grupos que se organizaram para conquistar e garantir os direitos da população empobrecida. Suas ferramentas são a criminalização da pobreza e dos movimentos sociais efetuadas pela elite dominante através de grupos de extermínio, prisões, torturas e mortes programadas – além do conluio e reforço da mídia dominante. Não por acaso, vivemos numa sociedade que o número de presos torturados aumentou com o fim da impune ditadura: hoje, que mais sofre com isso é a população mais pobre.
Nesse momento, nessa parte da região sul, não podemos aguardar a terrível noticia que vem se abatendo em outras regiões, com bastante eficácia contra o povo empobrecido, e que ainda não se fez sentir com toda a sua força em nossa população, o que acaba sempre nos colocando em uma postura de reação frágil a uma bem planejada ação truculenta, principalmente das administrações conservadoras, que neste momento, claramente está a serviço do setor do capitalismo que mais tem lucrado com suas ações, que é o setor imobiliário.
Não existe outra possibilidade, se não de nos juntarmos para fazer essa reflexão e construção desse novo e necessário momento dos movimentos sociais da região sul. Resgatar velhas praticas de luta, estabelecendo uma relação de qualidade e próxima ao povo, para entender e incidir em seu cotidiano.
Portanto, a nossa necessidade imediata é resgatar a história de luta que marcou a nossa região, ouvindo as experiências dos diversos grupos, das antigas lideranças e analisar o atual momento em que estamos vivendo, para que possamos pensar quais serão as nossas novas estratégias de luta, e para que avancemos naquilo que já conquistamos e possamos nos libertar do julgo desumanizador do capital!
Giva
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